sexta-feira, setembro 29, 2006

saudades

Será possível sentirmos a falta de alguém que não conhecemos? Sentirmos saudades reais de um desconhecido? Será possível sentirmos remorsos por nunca termos conhecido essa pessoa?
Sinto saudades de uma pessoa que nunca conheci. Nunca a soube, não mais do que o seu nome, o seu aspecto físico, os traços mais marcantes da sua personalidade. Nunca soube qual era a sua comida preferida. Nem a cor preferida. Nem o que costumava fazer quando os ponteiros, pela sua perguiça, o permitiam. Nunca falamos sobre livros, sobre a vida, sobre nós. Não partilhamos mais do que momentos em que o meu português inocente se diluia no seu discurso mascarado de venesuelano. Não partilhamos mais do que olhares cúmplices de quem diz 'obrigado por estares aqui, sejas tu quem fores'. E, no entanto, mais de dez anos passados, ainda me doi a sua ausência. Lembro-me que os seus olhos eram azuis, de uma tonalidade rara raiada de cinzento e verde. Lembro-me de o ter reencontrado, com o seu semblante sério e desconfiado, uma vez ou outra durante estes anos. Hoje reencontrei-o... Sei que não são os mesmos olhos, não é o mesmo semblante. São apenas pessoas parecidas em ténues traços, mas que mo trazem tão perto... Às vezes sonho que poderíamos ter sido amigos. Muito amigos, daqueles que ficam para a vida toda como se cada dia fosse especial por isso. Às vezes sonho com as conversas que não chegamos a ter, e faço de conta que ele me responde. Talvez me responda, do sítio onde está. Talvez eu o saiba, mas não o queira admitir. Às vezes sonho com o dia em que ele foi para casa mais cedo, o último dia em que o vi em presença. Camisola azul escura, calças de ganga. Dia de sol. Sinto saudades. Não sei porquê, foi uma pessoa cuja vida me marcou de maneiras que eu não posso nem imaginar, porque me parecem surreais demais para que lhes dê crédito. Mas às vezes ainda sinto profundas saudades.Talvez, mesmo sem falarmos, fossemos amigos. Talvez no sítio onde está sinta também a minha falta, e sinta saudades dos diálogos adiados. Gostava de lhe ter dito muitas coisas. Gostava de ter tido a oportunidade de partilhar.Tenho saudades.

terça-feira, setembro 26, 2006

pensando...

Bem, estive a apanhar um dos últimos banhos de sol do ano (espero que não), quando dei por mim com os meus neurónios a braços (a axónios, digo) com um pensamento intrincado...
Há o 'stress bom' e o 'stress mau'...
Há a 'ansiedade boa' e a 'ansiedade má'...
Há o 'colesterol bom' e o 'colesterol mau'...
Há as 'bactérias boas' e as 'bactérias más'...
Haverá o 'preconceito bom' e o 'preconceito mau'????
Ninguém tem por hábito visitar ou comentar este blog... De qualquer forma, mesmo que esteja a 'pregar para os ciber-peixinhos', pensem nisso... da próxima vez que me chamarem preconceituosa...
Eu qualquer dia disserto sobre o assunto, a mostrar o ponto de vista...

"No rules... great revolt..."

Alguém disse um dia, após uma dissertação sobre um qualquer assunto de que não me recordo, 'culpabilizem-me por isso'. Pois bem, pessoa, eu culpabilizo-te. Hoje tomei consciência de que quando as pessoas estão a estudar e a tentar aprender coisas úteis e a sobreviver na selva perigosa e tendencialmente absurda que é o ensino superior (com os docentes de gabinete devidamente sublinhados), cai-se na asneira de deixar que esse nosso ímpeto de sermos excelentes se sobreponha ao nosso dever de sermos felizes. Em muitas ocasiões no passado eu devia ter retaliado. Não o fiz. Agora voltando atrás na minha máquina do tempo, e fazendo um revivalismo quase saudosista da malha complexa de relações dessa etapa da minha existência, penso realmente que nunca me deveria ter vacinado contra a leptospirose, mas que deveria ter-me imunizado expondo-me directamente à infecção. Teria sido pelo menos mais agradável. Todas as coisas que pensei acerca das partículas subatómicas da existência poderiam ter tomado forma, terem-se agregado por forças de interacção e criado matéria.
Isto por dizer que nunca é tarde.
Ficam aqui então algumas dissertações adiadas:

ponto 1. acerca do constructo responsável, sério e pensado, concordo plenamente. Acho até que parte da nossa vontade consciente de nos partilharmos com os outros sem pedir nada em troca. E como tal, penso que o medo que muitas pessoas têm se deve ao facto de nunca terem rumado nesse sentido, de acharem que só por isso os outros também não percorreram esse caminho, e estarão portanto a 'confundir as coisas', que depois se sentirão enganados, magoados e confusos. Surpresa. Há quem consiga fazer o que pensa. E isso faz que não exista um craving, mas um sentimento pacífico e gratuito. E faz com que não precise, o sentimento em si é auto-suficiente.
É uma coisa de responsabilidade, pois é. Mas é só a minha Ideia... há quem lhe chame cena...

ponto 2. Consumo de tabaco e álcool. Fraqueza de espírito. Apesar das inumeras dissertações anti-consumo. Sem mais comentários.

ponto 3. Eu sou o tipo de pessoa que, à pergunta "Importa-se que fume?" responde invariavemente, e com um sorriso sempre pronto, com um "Importo."

ponto 4. Não me interessa que as pessoas não se importem. São elas lá e eu cá, na boa. Mas revolta-me profundamente que andem para aí a "dar ares de quem se importa", só para aliviarem as suas consciências medíocres. Revolta-me que achem mesmo que a vida lhes vai correr bem se andarem para aí a lixar a vida às outras pessoas. A mentir para tirar proveito. E revolta-me pensar que essas pessoas conseguem dormir à noite. Porque eu muitas vezes não consigo.

ponto 5. Por muito que tente, é cada vez mais difícil para mim acreditar que o homem (Humanidade, mas sem direito ao H maiúsculo em sinal de protesto) seja intrinsecamente bom. Há sempre pessoas com excelentes oportunidades de me provar o contrário. O meu 'constructo racional' pela existência ainda sobrevive para me obrigar conscientemente a ver as coisas pelo lado positivo. O sol hoje nasceu outra vez.

Coisas que me fazem sentir bem I

céus estrelados
abraços surpresa
gatinhos
liberdade de escolha
chocolate
mãos deliciosamente frescas
toalhas aquecidas no Inverno
a praia da minha infância
fruta
raios de sol quentinhos do final da tarde
bons sentimentos
[continua...]

segunda-feira, setembro 25, 2006

depois do fracasso...


Para me alegrar depois do fracasso, da desordem sentimental que advém da ignóbil traição de que fui vítima, este chocolate quente só para mim.
Asseguro-vos que tem a textura dos da Dona Emilinha, mas é muito mais saboroso :)

E pronto, é isto...

Como sera de esperar, foi o fracasso total. Afinal não foi uma coisa "em grande", nem sequer foi.
Dava uma boa analogia à minha humilde existência, se eu estivesse em condições de explicar, mas acho que não vale a pena. O que valeu a pena, isso sim, foi aquela excitaçãozinha e o frio na barriga =)

Por falar em frio, aprendi que ainda se consegue estar de t-shirt lá fora à noite sem que o queixo trema e sem cianose periférica. Bem, confesso que os pelinhos já se encrespam um bocadinho, mas quem se importa, né?

Qualquer dia há mais...

Faltam 1h30...

Pois é, já só faltam 1h e meia para o Grande Momento, e ainda está dia... e ainda há nuvens no céu...

Sou mesmo crente :) isto qualquer dia passa-me (oxalá não!).

É hoje...

É hoje que está previsto o 80P/Peters-Hartley....
Só é pena que o céu esteja tão nublado... isso diminui as minhas probabilidades para, sei lá..... 1 para 10 milhões???
Vamos a ver... ou não...

domingo, setembro 24, 2006

O Sorriso da Mona-Markl


Esta é a minha contribuição para a campanha de Vandalismo do mupi da Nova Delta, de inspiração clássica, e que surge como um tributo ao mestre DaVinci...
Porque não chamar-lhe o Código DaMarkl?... Era uma boa ideia...

Já me estou a imaginar a fazer deliciosos cafézinhos e cappuccinos com a máquina :P

Podem ver as propostas dos outros vândalos aqui.

sábado, setembro 23, 2006

ainda a astronomia...

A quem interessar, o cometa 80P/Peters-Hartley tem passagem prevista no periélio no dia 25 de Setembro às 20h. Como inda sou (muito) amadora (mas desde sempre amante) da astronomia, não posso dizer se poderá ser visto pelo observador em Portugal, mas tenho esperança que sim.

No dia 25 de Setembro lá estarei, às 20h, de nariz arrebitado para cima.

Oxalá seja uma coisa em grande...

...feliz equinócio II

Só para acrescentar que estamos oficialmente no Outono desde as 4h de hoje (23 de Setembro de 2006) e não da hora do último post. Quem quiser saber mais, visite a secção de Almanaques do Observatório Astronómico de Lisboa. O de Coimbra também tem um site excelente...

Ainda faltam faltam 99 dias para acabar o ano, por isso, coragem :)

Feliz Equinócio!

É oficial, estamos no Outono... e hoje o dia tem a mesma duração que a noite. O que quer dizer que a partir de hoje as noites vão sendo progressivamente maiores até 22 de Dezembro, onde começarão de novo a mingar... Quanto à mudança de hora só no dia 29 de Outubro (atrasada 60 minutos às 2 horas de tempo real [1 hora UTC]).

sexta-feira, setembro 22, 2006

Olhando para a minha chávena de café, pensei que era semelhante ao céu quando anoitece. Era preto. Mas havia ali qualquer coisa que era diferente, talvez o pigmento castanho, que não é comum num céu nocturno. Talvez a falta de estrelas. Talvez o facto de emanar um calor húmido, enquanto o céu transmite a memória de brisas frescas ou mesmo de frios insuportáveis. O Outono está a aproximar-se, pensei. Aproxima-se Orion. Aproxima-se a vontade de nos encolhermos num cantinho morno, como um ninho, a ouvir a chuva a cair. O sabor amargo do café, vinha já embuído daquela sensação de saudades do Verão, de leve desespero por ficar tudo castanho e cinzento e ventoso. Está-se a aproximar o Natal, pensei. O Natal...



«O amor [...] é o fogo que arde dentro de cada um de nós, aquele calor interior que impede que a alma morra de frio no Inverno do desespero.»
(Bradley Trevor Greive, in O Sentido da Vida)

quarta-feira, setembro 13, 2006

Volta, Verão... estás perdoado!!

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