Olhando para a minha chávena de café, pensei que era semelhante ao céu quando anoitece. Era preto. Mas havia ali qualquer coisa que era diferente, talvez o pigmento castanho, que não é comum num céu nocturno.
Talvez a falta de estrelas. Talvez o facto de emanar um calor húmido, enquanto o céu transmite a memória de brisas frescas ou mesmo de frios insuportáveis. O Outono está a aproximar-se, pensei. Aproxima-se Orion. Aproxima-se a vontade de nos encolhermos num cantinho morno, como um ninho, a ouvir a chuva a cair. O sabor amargo do café, vinha já embuído daquela sensação de saudades do Verão, de leve desespero por ficar tudo castanho e cinzento e ventoso. Está-se a aproximar o Natal, pensei. O Natal...
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