Acho que posso dizer que hoje o meu dia foi um episódio da série Scrubs.
Quando me levantei de manhã, depois de vários minutos do meu ritual de "não acordar" e de "adiar o dia", eram 6h43. A essa hora, o meu primeiro pensamento foi "caramba, não vi a Primavera nascer...". Saí da cama, arranjei-me para ir trabalhar, e durante as horas seguintes a sensação era a de ter perdido uma coisa importante. No final do turno, no entanto, depois de todas as compressas, de todos os doentes, de todas as feridas, de todas as febres, de todas as conversas com e sem relevância clínica, depois de ter ajudado todos os colegas, depois de ter feito todos os relatórios...ja não tinha propriamente essa sensação, era mais uma dorida resignação e não uma revolta.
Estava sentada na marquesa mais baixa e mais inútil do gabinete, a olhar para a minha bata, que no final do turno estava realmente a precisar de ser lavada. Estava cansada, estava suja. Nesse momento entra um amigo no gabinete e senta-se na marquesa inútil ao meu lado. Estava visivelmente cansado, e sujo. Ficamos uns momentos sem dizer nada. Depois começamos a cantar jingles comerciais de páscoa, e a dizer asneiras, e contar todas as compressas e todas as coisas um ao outro. E a competir pela história melhor. E a contar a história de cada uma das nódoas das nossas batas, permadoze, 8 guias de sasu e uma caneta que rebenta, esta-não-sei. E depois, a chorar a rir. E foi então que aconteceu. Ali à minha frente, nasceu uma Primavera. Aquela que realmente comemora a fertilidade e a esperança e todos os bons sentimentos.
E, ao que parece, a marquesa não é assim tão inútil...
Bruznieh!
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