Cantiga de não-embalar
Decretou-se luto na cidade
sem que alguém tenha morrido.
Os habitantes têm oito séculos de idade
fantasmas que andam num único sentido.
Há alguns (ingénuos) que andam ao invés
estrangeiros falando a mesma língua.
As pessoas sorriem para dentro
a não quebrar a quietude condenada
extremamente cara e consentida
do meu pais pintado de cinzento.
Todas as nossas aventuras são caseiras
e as notícias verdadeiras são orais.
Choramos saudades existentes
de saudades irreais.
Chamem para o nosso funeral
as longínquas e mortas carpideiras.
Um grande peso de outono na nossa vida.
No nevoeiro apitam as sereias
e alastra um medo de afundar.
Andamos de cor num letárgico sono
morrem as palavras na garganta.
E enquanto a morte nos espanta.
(Mendes de Carvalho, in Satírica)
sem que alguém tenha morrido.
Os habitantes têm oito séculos de idade
fantasmas que andam num único sentido.
Há alguns (ingénuos) que andam ao invés
estrangeiros falando a mesma língua.
As pessoas sorriem para dentro
a não quebrar a quietude condenada
extremamente cara e consentida
do meu pais pintado de cinzento.
Todas as nossas aventuras são caseiras
e as notícias verdadeiras são orais.
Choramos saudades existentes
de saudades irreais.
Chamem para o nosso funeral
as longínquas e mortas carpideiras.
Um grande peso de outono na nossa vida.
No nevoeiro apitam as sereias
e alastra um medo de afundar.
Andamos de cor num letárgico sono
morrem as palavras na garganta.
E enquanto a morte nos espanta.
(Mendes de Carvalho, in Satírica)
Etiquetas: poesia
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