sexta-feira, agosto 03, 2007

Ensaio sobre os mistérios...

Toda a nossa vida é feita de pequenos mistérios.
Aproveitando-me sorrateiramente, e de modo a quase roçar o maroto, duma expressão do Padre António Vieira, posso mesmo dizer que os pequenos mistérios estis sal terrae.
Daqui posso devanear durante horas a fio, quase tudo para mim na vida é um grande mistério. Um pouco como as prendas de Natal... que para mim existem quase só porque sim, sem que as deseje, mas impondo a sua presença teimosa. Para mim o melhor da prenda é mesmo descobri-la aos poucos. É desvendar aquele pequeno bocado do Reino Encantado do Mistério. É fazê-lo, aproveitando e saboreando cada pormenor novo como sendo único e revelador duma parte importante da sua essência. O mesmo princípio se aplica aos conceitos novos que vou encontrando, às pessoas novas que vou conhecendo. Há algo de mágico nessa descoberta nada apressada. Nesse aprender a ser melhor, integrando essa entidade emergente.
Não é mera curiosidade... é mesmo a leve excitação de quem se deixa tocar pelas coisas e, principalmente, pelas pessoas.
Aparte destes brandos mistérios, outros me têm acompanhado nos últimos dias.
Não querendo abordar a temática laboral (muito, muito pus a querer sair de uma grande ferida jurídica.... :S), dois deles são, passo o pleonasmo, mistérios muito misteriosos.
Primeiro (seguindo puramente uma ordem cronológica... ou não... ou não...) o meu sonambulismo. Yeps... têm acontecido coisas estranhas enquanto durmo, que passam por: desde adormecer com uma camisola e acordar com outra, até acordar às 4h da manhã a agarrar com força as chaves de casa e o telemóvel que jazem ao lado da almofada. Não, ainda não ataquei a almofada à dentada, mas temo que esteja para breve... depois de episódios engraçados da minha existência que ficam só para as pessoas mais chegadas, eis que nos últimos dias se agrava a situação e qualquer dia sou encontrada a deambular pela cidade em pijama enquanto durmo! (ou não... ou não...). Agora, explicar porquê.... talvez só seja capaz de o explicar enquanto durmo...
O segundo grande mistério dos últimos tempos é a minha urticária não explicada. Volta e meia tenho surtos de urticária e ainda não consegui isolar o agente que a despoleta e potencia. Talvez seja alimentar. Talvez seja ambiental. Talvez não. Não sei. Sei que não são picadas de nenhum insecto ou aracnídeo. Essas conheço-as bem. Mas hoje ando cheia de prurido. E a sentir-me um lixito, uma autêntica patinha-feia cheia de manchinhas vermelhas e petéquias. Talvez por isso me sinta mais em baixo, é o reverso da medalha dos mistérios, dos chatos, dos aborrecidos. Um colega de trabalho em tempos tentou animar-me dizendo que devo ser alérgica a ele. Mas não o vejo desde o dia 28 de madrugada... volta, amigo, estás perdoado!
Junto A + B e apercebo-me que uma coisa e outra podem, no limite, estar correlacionadas (a ver se calculo um índice de Spearman para provar isto).
Ter passado a tarde com um bom velho amigo de infância ajudou a esquecer os problemas um bocadinho, e a centrar-me nos mistérios dele.
Pode ser difícil não coçar o prurido, mas mais difícil às vezes é falar daquilo que nos incomoda.
Felizmente existem amigos.
Existem granizados. Existem francesinhas.
Existem passeios a pé. Existem passeios.
Existem chapéus e garrafas de água (dia quente hoje... mesmo quente... mesmo, mesmo... bolas...).
Existem mistérios engraçados.
Talvez os maiores existam dentro de nós e ainda estejam por descobrir.
Estou desequilibrada e não quero pensar nisso agora... vou alinhar os meus chakras...
Até...
PS: à grande comunidade de interessados (0% da população mundial) continuo a dar choques... ha uma teoria engraçada sobre isso... mas fica para outro dia... hoje tenho comichão...

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