terça-feira, julho 25, 2006

"Talvez as pessoas quando morrem, nao morram, talvez «desaguem». Assim como os rios nascem, correm, e no fim, desaguam.
Talvez, quando morrem, as pessoas vao para um sitio maior. Como o mar. Talvez esse sitio seja o mar das pessoas.
As gotas de água doce, quando desaguam, não deixam de ser gotas, nem sequer deixam de ser água, só vêem alterada a sua qualidade de ser doce, para passar a ser salgada. Talvez as pessoas fiquem salgadas, quando morrem. Talvez vejam alteradas algumas das suas qualidades, mas tenham a permanência da sua essência, do seu ser pessoa, como ser gota de água.
Se calhar, esse lugar maior, que é o mar das pessoas, é apenas uma transição para uma outra fase de existência. Se calhar, as pessoas depois de desaguarem, evaporam, e vão para um sítio ainda maior, onde são ainda mais livres. Penso realmente que possam existir nuvens de pessoas, que nesse ambiente de liberdade, amplo e frio, se tenham agrupado para se entreterem umas às outras, se amigarem, serem felizes juntas. Juntas, talvez as pessoas adquiram uma nova forÇa existencial, um maior peso, e talvez as pessoas caiam, atravessando esse espaÇo, para, ao mergulharem numa materia densa, a humanizem, a fertilizem de vida e esperaÇa."
(RDurães, 07/2006)
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